terça-feira, 11 de outubro de 2011

amotracinhote

tu sabes que este post é para ti. sabes que ainda tens de beber muitos copos de vinho comigo, segurar os meus filhos nos braços e os filhos deles...e dançarmos...temos de dançar ainda muito, ter mais histórias para contar, rir com disparates daqueles que não acabam e zangarmos nos. porque gostamos muito. e arreliarmos nos para depois fazermos as pazes. tu sabes que tem de correr tudo bem. por ti. por mim. por todos. porque só faz sentido ser assim. amotracinhote

Quebrar o Silêncio

podia retomar o meu blog com mil e um assuntos, dos quais ainda não consegui definir qual o mais importante. desde que deixei de escrever aqui, anunciando a vinda da já nascida B., não sabia que já tinha a minha nova vida a crescer dentro de mim. desde que deixei de escrever porque não me apeteceu, não fez sentido, porque sim aconteceu muita coisa. regressei ao trabalho. vivi uma gravidez atribulada. casei. a MR cresceu....muito. a minha casa está mudada. as paredes contam outras histórias e a casa cresce como a família. o M nasceu. e tanta, tanta, tanta coisa. agora resolvi quebrar o silêncio e vou regressar.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

E já só faltam 8 meses...

Nós já te amamos, estamos felizes por ti, pela sorte de ires nascer no meio de uma família cheia de amor para te dar, por sermos dessa família, pelos teus pais, pelos teus avós que já devem estar a imaginar os milhares de sapatos que te vão comprar e fazer (sim a tua avó pensava que o teu irmão ia nascer uma centopeia), pelo teu irmão que irá aprender a dividir, por nós que vamos ficar mais cheios e será sempre a somar alegrias.

Daqui a uns anos vou-te dizer o quanto estava feliz no casamento dos teus pais, o quanto dancei com a tua bisavó que irradiava felicidade, ter estado junto dos teus pais enquanto faziam a sessão fotográfica do casal apaixonado (bahhhhhhhh), que estava lá quando começaram a namorar, que fiquei uma semana amuada com a tua mãe com ciúmes, como eram boas as nossas férias e finais de ano a comer sapateira (outros a tocarem a bruxa), como o teu irmão era lindo acabado de nascer, o quanto é bom ir a tua casa e sentir que estou na minha casa e comer frango assado...daqui a uns anos vou-te dizer o quanto fiquei feliz pela notícia da tua vinda.

Agora é só aguentar 8 meses para te sentir nos braços e mimar muito a tua mãe (e o teu pai coitado, diz que pode ter ciúmes e tem uma barriga já para lá de 20 meses)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Nunca fechei bem os ciclos, deixo sempre pontas soltas, questões por resolver, tenho medo de me arrepender e é a forma que tenho de ter planos de segurança alternativos, poder voltar atrás, deixar sempre portas entreabertas. Depois há toda a inquietude que daí advém. Ando aos tiros aos meus fantasmas, a mostrar-lhes o "caminho para a luz", a pedir que não voltem porque eu não os vejo. E sinto-me livre de um peso de anos de sombras...



quinta-feira, 28 de outubro de 2010

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Carta aos que me andam a enganar.

Pois isto é assim meus queridos, a menina vai acreditando em histórias cor-de-rosa porque vocês, famílias bonitas de postal, alegres e felizes, me vão dando lenha para alimentar essa fogueira. Por isso, deixem-se de tretas que já estou a começar a ficar arreliada! Tenho dito!

sábado, 16 de outubro de 2010

"Neste quarto o tempo é medo e medo faz-nos sós"

o meu amigo do telefone (de sempre e para sempre)

"Tem cuidado contigo, perdeste o direito de te "estampares"..."

(desculpa a transcrição)

Também te amo muito.

Só uma palavra, o silêncio só pedia uma palavra para não ficar o vazio. Era um gesto, só um. Só um olhar, daqueles que não foge. Era só qualquer coisa...mas não este branco que fere e roí. Depois amanhã passa, como sempre.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Vem comigo para Angola (em jeito de telegrama)

já não vou viver para Angola. o nome do blog não mudará, porque não faria sentido. as palavras não fluem muito naturalmente quando se toca neste assunto. há fins que são sempre um novo principio. custa fechar portas. estou à espera, com grande optimismo, que se abram várias janelas.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010


Já não me assustas, não antecipas em ti a angústia dos dias frios, do céu sem o brilho, do corpo sem calor. Trazes novos dias, novas memórias boas a serem construídas, farei de ti o melhor Outono a ser lembrado, aquele para todo o sempre.

Este Outono já cheira a bolos quentes, copos de vinho tinto, conversas à lareira (mesmo sem lareira), danças ao som das músicas de Verão para aquecer o corpo e sorrir, castanhas assadas com sal grosso até os lábios ficarem gretados, chocolate quente, pic nic ou brunch ao domingo conforme se te amigas da chuva ou não, jantares que se prolongam nas horas, correrias atrás da minha princesa e saber que andará sempre ao meu lado.

Vou matar-te o vazio como matei o dos domingos, encher-te de mim nos silêncios merecidos, passar por ti e fazer do amarelo das tuas folhas todo o colorido do arco-íris.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Nesta conversa não entram cigarros, copos de vinho, paso doble ou intervenções celestiais, nem músicas de fundo para aliviar a tensão, nem tu podes cantar na tentativa de desviares as atenções ou assobiares para o lado como se não fosse contigo. Porque agora e como nunca, é contigo, connosco, com tudo o que passámos e deixas cair por entre os dedos. Agora agarra de uma vez por todas os contornos que traças a giz branco no chão, guarda-os como fantasmas...melhor, guarda-os onde quiseres, faz como entenderes...

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ando a sarar as feridas cedo demais...

Há duas semanas magoei-me, quando o faço as feridas assumem todo o seu esplendor. Ficam com um ar ruim, dos que fazem perguntar: o que se passou contigo? Se é para fazer uma ferida que me deixe em carne viva, com sangue, coisas a sair lá de dentro, ossos a descoberto se for preciso...e não sou das que passam Betadine, cicatrizantes e coisas do gênero, é deixar ao ar e deixar passar.

Deixar ao ar, exposta, perto da vista dos que me cruzam e principalmente da minha para me lembrar.

Há duas semanas magoei-me e fiz uma ferida, hoje apenas uma mancha menos bronzeada, vai-me acompanhar o inverno todo e para ela vou olhar e sorrir, porque já não é uma ferida.

As marcas que trago comigo de todas as feridas que sararam fazem-me pensar que as curo rápido demais. O meu processo de cicatrização é estridente, rápido e eficaz. O que me magoa rapidamente passa a ser uma pequena mancha deslavada num qualquer pedaço de corpo.

Hoje lembrei-me que há uns meses pensava que era incapaz de tatuar o meu corpo, marcá-lo para sempre, porque não acredito em nada para sempre... Hoje decidi que o vou fazer, vou tatuar o meu corpo para me lembrar sempre que há coisas que não podem sarar, que tenho de deixar de fazer feridas pelo meu corpo, mas sim marcas boas, que também elas me façam sorrir, mas sem magoar!

Esqueço-te

Tenho a sensação que deixei qualquer coisa ao lume antes de sair de casa, fechar a porta à chave, descer o elevador directamente para a garagem, porque gosto de entrar no mundo pela manhã de mansinho, o confronto directo com o que se passa lá fora choca-me, nada como entrar de carro num dia novo, pelas portas dos fundos... Estava a dizer, esqueci-me mais uma vez, sim já sei. Já fazia a curva mais apertada antes da recta sempre a direito e tive aquela impressão de que me tinha esquecido de alguma coisa e volto tudo atrás. Tenho esse hábito, devem ter todos mas faço dele só meu, repito todos os movimentos, acções, palavras para trazer de volta o que foi esquecido, é a minha estratégia. Neste caso mais necessidade, se não voltasse atrás corria o risco de ter um incêndio em casa, era só o arroz para o jantar da miúda.

Agora vou fechar os olhos e colocar aquela música que me faz lembrar... Bolas, quem?!?! Já sei, como é obvio, não vou voltar atrás e repetir tudo, lembrei-me que era de ti que me devia esquecer, volto a aconchegar-me e esqueço-te.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Parabéns Princesa Pestanuda!




Tenho o coração apertado de tanta emoção quando olho para ti e vejo o quanto cresceste este ano e o quanto nos encheste a vida. Amor que cresce diariamente enquanto me ensinas a cuidar de ti e como deixar de ser só eu.

Olho para trás, revejo as fotos que eternizam os teus momentos, com a família, com os amigos, as tuas primeiras aventuras nesta descoberta do Mundo e sorrio muito. Quero dizer-te o quanto és especial para todos, mas acho que o sentes pela forma bonita como encaras tudo o que te rodeia, com um sorriso pronto, um esticar de braço, um abraço.

Amo-te pela forma livre como andas pela vida, sem pressas, com prazer visível nos teus olhos de princesa pestanuda cor de tudo o que é mais bonito. Amo-te porque em ti revejo o que há de bom nas pessoas da nossa família e dos nossos amigos. Amo-te porque és igual a ti.

Este ano correu, tive a oportunidade de andar pelos dias sempre ao teu lado, tivemos esse privilégio porque o pai esteve ao nosso lado e nos permitiu vivermos estes momentos. És a força para o pai estar longe pensando num futuro melhor para ti.

Tornaste-te a "bruxinha" da avó, a nova princesa do avô (embora a mãe saiba que é a número um), a alegria de viver dos bisavós, o motivo para o tio não sair no Algarve à noite e vir visitar-te muitas vezes, a fonte de sorrisos dos nossos amigos, motivo de reencontro de muitos.

És uma estrelinha na vida de muita gente e eu estou tão feliz por existires que só me apetece gritar ao mundo o quão linda és, por dentro e por fora.

Cantava-te esta música nos teu primeiros meses de vida, pode ser foleirinha, mas diz tudo o que quero dizer neste momento.

Todos os dias na nossa vida quero te dizer o quanto te amo minha filha.

Amo tracinho te.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Aos meus amigos.

Porque hoje acordei assim, a pensar o como tenho a maior sorte do mundo em ter os melhores amigos, podia dizer que são poucos e ficava bem, pelo menos as vedetas dizem sempre que têm poucos amigos, bons, mas poucos.

Eu tenho muitos bons amigos, amigos família de sangue, amigos família de coração, amigos irmãos, amigos presentes, amigos ausentes mas sempre presentes, novos amigos...eu tenho casas cheias para me receber, braços abertos a mim e à minha filha, tenho os melhores sorrisos e as memórias de tempos felizes. Tempos que ainda se constroem diariamente. Histórias felizes de partilha e de reconhecimento, onde só há sentimentos bons.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Sou canhota, torta, trocada, baralhada, cansa tanto... já estava na hora de não intensificar demasiado e de parar de bater as asas só porque tenho de ser livre, prender-me...

I'd rather be the dust of the road
And trampled on by the feet of the poor . . .

I'd rather be the rivers that flow
And have washerwomen along my shore . . .

I'd rather be the poplars next to the river
With only sky above and water below . . .

I'd rather be the miller's donkey
And have him beat me and care for me . . .

Rather this than go through life
Always looking back and feeling regret . . .

Fernando Pessoa

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ainda sobre as cartas de amor...

...eu sou cada vez mais contra as sms, estou cansada e acho que é a pior invenção do Mundo. Dizem-se coisas que muitas vezes não teríamos coragem de dizer nos olhos, perdem-se momentos de cumplicidade, de raiva, de luto, de paixão, perdem-se conversas prolongadas pelo prazer de se ouvir. Os silêncios da ausência de respostas consomem-nos a alma e angustiam de forma doentia, desmarcam-se acontecimentos que deviam existir no compasso de uma espera que nunca encontra o que realmente viria.


sexta-feira, 16 de julho de 2010

Cartas de Amor






CARTA A OFÉLIA QUEIRÓS - 27 DE ABRIL DE 1920

Meu Be«be»zinho lindo:

Não imaginas a graça que te achei hoje á janella da casa de tua irmã! Ainda bem que estavas alegre e que mostraste prazer em me ver (Álvaro de Campos).

Tenho estado muito triste, e além d'isso muito cansado - triste não só por te não poder ver, como também pelas complicações que outras pessoas teem interposto no nosso caminho. Chego a crer que a influência constante, insistente, hábil d'essas pessoas; não ralhando contigo, não se oppondo de modo evidente, mas trabalhando lentamente sobre o teu espírito, venha a levar-te finalmente a não gostar de mim. Sinto-me já differente; já não és a mesma que eras no escriptorio. Não digo que tu própria tenhas dado por isso; mas dei eu, ou, pelo menos, julguei dar por isso. Oxalá me tenha enganado...

Olha, filhinha: não vejo nada claro no futuro. Quero dizer: não vejo o que vãe haver, ou o que vãe ser de nós, dado, de mais a mais, o teu feitio de cederes a todas as influencias de familia, e de em tudo seres de uma opinião contraria á minha. No escriptorio eras mais dócil, mais meiga, mais amorável.

Enfim...

Amanhã passo á mesma hora no Largo de Camões. Poderás tu apparecer à janella?

Sempre e muito teu

assinatura de Fernando Pessoa














































Eu queria ser do tempo em que se escreviam cartas de amor, assinadas a punho, com canetas das que borram nas mão. Passar horas à janela à espera de ver o meu amor, trocar um sorriso, um pequeno aceno e levar o coração cheio para os meus sonhos. Noites onde pouco ou nada era permitido, mas muitas vezes acontecia na mesma, entre fugas tardias por escadotes encostados às paredes carregadas de heras e buganvílias. Queria as conversas sussurradas ao ouvido das amigas e as horas perdidas com o diário. Os sonhos trabalhados em planos a dois, as fotografias a preto e branco, o anel de prometida. Eu queria acreditar num amor para toda a vida, numa família a crescer e numa morte serena. E palavras escritas para sempre, eu queria as palavras...